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Desemprego e os ciclos da ansiedade.
Março / 2016
por Luciana Moreira Leme
Emprestando os conceitos das ciências econômicas, ciclo vicioso e ciclo virtuoso da economia.
Parto do principio que em nossas vidas cumprimos diversos papeis, sem que um conflitue com o outro mesmo com diferenças bastante marcadas.
Papel social, papel profissional, papel de filho (a), papel de pai (mãe), papel marido esposa, e assim por diante,
Quanto mais papeis com envolvimento afetivo desenvolvemos, maior é a saúde psíquica, farei algumas considerações.
É bastante comum, no consultório ou melhor na vida, que a maioria das pessoas coloquem um papel especifico, muito acima de outros.
Buscando maior clareza, indivíduos que colocam suas “fichas afetivas” em apenas um papel.
Muito comumente vemos mães que ao se depararem com a saída de seus filhos de casa, desenvolvam depressão, ansiedade, ou qualquer sintoma psíquico e físico. Isso porque colocaram excessivamente suas “fichas” na criação dos filhos e deixaram num segundo plano, papel profissional, papel social, papel de mulher e por aí a fora.
Ressalto quanto maior for a divisão de “fichas”, divididas nos mais diferentes papeis, maior nossa saúde mental.
Mas a ideia deste texto não é falar das mães e sim do excesso de fichas que vemos hoje, colocadas no papel profissional.
Tempos de crise… E aí?
E aí. Pessoas com redução de tempo de trabalho e salario, pessoas perdendo seus empregos. Pressões e excesso de trabalho para aqueles que permanecem em seus empregos.
Problemas econômicos? Sim. Estresse, sim.
Mas talvez o mal maior seja a pergunta e agora o que eu faço?
Acontece que a pessoa depositou suas “fichas” em grande parte no papel profissional e percebe a fragilidade dos outros papeis em sua vida.
Para muitos a família é composta por estranhos, os amigos eram aqueles do happy hour, amigos do trabalho. Não desenvolveram papeis fortalecedores da identidade, como papel “praticante de esporte”, papel “atividades culturais”, hobbys, e que agora sem o papel professional além dos problemas financeiros, que são muitos, tem muitos outros, uma grande crise de identidade.
Pior, não sabe mais se aquele trabalho, que por tanto tempo ocupou a maior parcela de sua vida, tem de fato sentido. Se realmente gosta de fazer aquilo.
Crise de identidade no papel profissional.
Ciclo de ansiedade, depressão, baixa autoestima, pensamento obsessivo, cobrança e culpa.
Então, a pessoa não tem mais o trabalho, percebe sua volta e pior, seu interior, como um imenso vazio.
O que fazer? Procurar um novo emprego. Normalmente mesmo sem certeza a pessoa busca algo em sua área.
O desemprego é em si um elemento ansiógeno, aumenta a ansiedade na procura, uma tentativa, duas, três, … Ansiedade! Não conseguiu! Queda da auto estima. Dai, uma grande cobrança interna “preciso de um emprego, preciso pagar contas, preciso me sentir produtivo”.
Seus vizinhos e amigos estão vendo. Mais ansiedade, maior a cobrança interna, outra queda de autoestima. Começa a sentir uma certa paralisia, já não tem certeza do que realmente quer fazer e finalmente, um estado depressivo.
Normalmente acompanhado de pensamentos obsessivos no sentido da cobrança interna. A mais cruel de todas.
Esse processo se dá de diferentes formas, porque afinal de contas somos diferentes. Assim como as soluções são individuais.
Talvez este seja o grande momento para uma maior reflexão interna. Como ampliar meus papeis na vida? Como de fato entender qual o trabalho que realmente faz sentido na minha vida? Como entender meus ciclos internos, ansiedade, cobrança interna, estado depressivo, pensamento obsessivo, baixa auto estima? E o mais importante, como eu trabalho minhas emoções, vislumbrando a possibilidade de tê-las sobre controle não permitindo assim, que as emoções mandem em você e sim você tenha o comando de suas emoções.
Isso não quer dizer em extinguir estas emoções, não existe esta magica. As emoções são humanas e cumprem um papel importante nas nossas vidas.
Entendo que nossa grande questão é compreende-las, e a partir deste conhecimento mantê-las dentro de um possível controle, e não o contrario, a fim de que operem em nosso favor.
E então volto ao inicio. Circulo virtuoso e circulo vicioso de nossa economia interna.
Sair do circulo vicioso de paralisia e partir para um projeto que vislumbre o circulo virtuoso depende de iniciativas próprias.
Que tal buscar uma psicoterapia?